sexta-feira, abril 27, 2007

 

Abel Varzim (29/4/1902 - 20/8/1964)

- Sugestão de Leitura -
A propósito da passagem dos 105 anos do nascimento desta eminente personagem (ocorre no Domingo próximo) aconselhamos um belíssimo livrinho de 100 páginas em que este autor, fazendo jus à sua dupla formação de sacerdote e de sociólogo, escreve uma incómoda e impelente reflexão sobre a realidade da prostituição em Lisboa, momentos após ter observado a passagem da tradicional e católica Procissão dos Passos.
Diz Abel Varzim: " Não gostei da procissão! (...) A Procissão dos Passos é de todos os dias mas não tem andores, nem música, nem anjinhos. Tem dores, angústias, desesperos, lágrimas, lamentos, e chagas. São os ódios de raças, as lutas fratricidas, os colonialismos, os campos de concentração, a opressão das consciências, as limitações da personalidade e da liberdade humanas, a fome, o desemprego, os bairros de lata, os acidentes de trabalho e de estrada, as prepotências e desmandos do capital, a exploração de menores, a escravatura da mulher, os compadrios, as injustiças, os egoísmos (...) Tudo isto flagela, dilacera, crucifica o Corpo de Cristo, como nunca talvez na História da Humanidade".
Faça uma homenagem a si próprio/a lendo e meditando este livro sublime que Abel Varzim sentir-se-á muito feliz nos seus 105 anos.
Procissão dos Passos - Editora Multinova- colecção Palavra e Testemunho


quinta-feira, abril 26, 2007

 

de uma só linha - 5

... Tudo é passageiro, senhor taxista; tudo é passageiro...


domingo, abril 22, 2007

 

25 de Abril de 1974


Abril, a vinte e cinco, abriu a nova era
- Da liberdade que depôs a ditadura -
Manifestando em cravos nova primavera
Sem guerra, sem grades e sem pide-censura...

E o bravo povo que lutara o que pudera
Derrota, neste dia, a dita ditadura
Opondo a primavera àquela que o não era
(1)
Rompendo p' las ruas em rios de ternura...

Tem este dia Dê três dês por fundamento:
Descolonizar e criar
democracia
Dar ao país, ainda, desenvolvimento!
(2)

Na justiça, igualdade, paz e harmonia
Recompensando tanta luta e sofrimento
No livro de ouro da história deste dia!


fernando martins

(1) Primavera marcelista
(2) Descolonizar, Democratizar, Desenvolver; é, sucintamente, o programa do MFA- Movimento das Forças Armadas, que liderou a revolução do 25 de Abril de 1974.


sábado, abril 21, 2007

 

de uma só linha - 4

O livro faz-me livre e dele me não livro. (Para o dia 23 de Abril, dia do dito.)


terça-feira, abril 17, 2007

 

de uma só linha - 3

Atenda sorrindo brincando em serviço.


domingo, abril 15, 2007

 

de uma só linha - 2

Dever é... não dever!


sábado, abril 14, 2007

 

Fogo Real


São balas
De palavras
De pólvora
As que te digo;

E balas
Precisas,
Meu amigo.

Balas de verdades,
Fogo real
Que perfura;

E potencial
Essência
Que sara e cura.

Que a verdade é dura,
Mas perdura;
Se é verdade pura!

fernando martins


sexta-feira, abril 13, 2007

 

de uma só linha - 1

Sorrir é o rosto da minha seriedade.


segunda-feira, abril 09, 2007

 

Eureka

É verdade. Achei, mas entrego a quem provar pertencer-lhe. Trata-se de um festivo "lenço dos namorados", peça do artesanato de Vila Verde, que encontrei numa rua de Braga no dia 7 p.p., pelas 10 da manhã, provavelmente por ter voado de algum estendal, dado estar ainda fresco e perfumado.
É uma peça valiosa e, por certo, de apreço sentimental muito elevado.
Está decorado com belíssimos motivos: flores, corações, barcos, pássaros e até de uma chave que por certo abrirá o coração de alguém.
Tem registados os seguintes versos:

"Bai carta feliz buando
Nas asas dum pasarinho
Cando bires o meu amor
Dále um abraço
Beijinho"; e:

"Aqui tens meu coração
E a chave pró abrir
Num tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir" e também:

"Coração por coração
Amor num troques o meu
Olha que o meu coração
Sempre foi lial ao teu" e ainda:

"Meu Manel bai pró Brazil
Eu também bou no bapor
Guardada no coração
Daquele qué meu amor"

Estou incomodado por ter comigo esta belíssima peça que me não pertence e também com alguns ciúmes porque tão linda poesia antiga me não é dirigida; pelo que aguardo, ansioso, por a entregar ao/à proprietário/a que me encontra no endereço em epígrafe.
Fernando Martins


sábado, abril 07, 2007

 

As Uvas da Páscoa

Das memórias da casa dos meus pais está aqui muito dentro aquela glicínia que dava uvas pela Páscoa, uvas perfumadíssimas, ornando sugestivamente o corrimão da escadaria. Era por aqui que subia o Compasso, sempre presidido pelo abade, vestido solenemente de branco e de rendas. E por aqui entrava também a senhora que recolhia os ovos - com a sua redonda e enorme cesta, igualmente debruada de branco -, ovos que serviriam para o sustento do pároco, enquanto propriamente ditos, ou quando revertidos a dinheiro em ulterior venda.
As restantes figuras do Compasso eram as que ainda hoje o são - campainha, caldeira, cruz - mas a senhora dos ovos, tão característica no seu avental e saia rodada, seguindo também, compassadamente mas separada e posterior ao grupo do anúncio da Ressurreição, é dona e senhora de grande parte da minha nostalgia.
Aqui está um pouco do meu recordável encanto das Páscoas dos meus verdes anos, aquelas solenidades ao domicílio, enaltecidas com a imbatível transcendência da trepadeira de flores que são cachos de uvas.

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