domingo, abril 26, 2009

 

Flache da Semana - 16


Pronto! Lá acabou o tão agradável fim-de-semana, passado em Covide-Gerês, na Associação Pedras Brancas, de artes e ofícios tradicionais, fundada pela excelente Maria Adelaide Soares.
Ali estivemos, quatro famílias, para usufruir do ar e da alma do sítio, caminhando nas alturas, bebendo nos fios de água, observando os rebanhos, ouvindo o passaredo, comprando artesanato, cozinhando, comendo e bebendo, descansando.
A associação já nos é conhecida desde há muito, e a sua líder desde há muito é nossa amiga. É sempre comovente voltar ao Gerês, ver e ouvir aquela gente.
Dedicamos um tempinho à cata das plantas aromáticas e vejam só a lista das amostras que recolhemos: funcho, tomilho, alecrim, limonete, hortelã nêveda, hortelã mandrasta, amor de hortelã, hortelã-pimenta, salva, erva de S. Roberto, sabugueiro, dente-de-leão, rosmaninho, carqueja. Outras haveria, mas ficámos por aqui.
Foi um fim-de-semana perfumado a todos os títulos.


sábado, abril 18, 2009

 

Flache da Semana - 15


Já se opinou por aí que o governo a sair das próximas eleições legislativas assentará numa coligação PS/Bloco de Esquerda.
Trata-se, porém, de declarações impulsivas de quem assistiu à coligação dos votos daqueles dois partidos na aprovação da lei, esta semana na Assembleia da República, que enterra o sigilo bancário.
Mas se é quase seguro que o PS vai vencer o próximo sufrágio com maioria relativa, penso que só o CDS/PP estará em condições de assegurar a governabilidade.
O Xadrês é o que é e, entre as emoções de uns e o pragmatismo de outros, vai jogar quem pode e quer.
Veremos.


segunda-feira, abril 13, 2009

 

Temas de Braga - 24


A Quadra da Páscoa também me trouxe outras mensagens mais prosaicas: fiquei a saber que as pessoas de Braga não lêem jornais, pois quase todos colocaram, ontem, o lixo nas ruas desta cristianíssima cidade depois de a Agere gastar a sua tinta nos anúncios de que não ia proceder à recolha; fui brindado, apesar disso, com três jornais gratuitos, que hoje distribuíam no centro: o Metro, o Global e o DestaK; foi-me dado a entender que há mesmo crise no burgo, porque as caixas multibanco não viram esgotados os seus stocks de papel-moeda; fizeram-me compreender a minha inefável solidão, ontem pela tardinha, entre a multidão de turistas que visitava a estância do Bom-Jesus, porque não há um mísero telefone público em todo aquele espaço e eu estava perdido dos meus.
Estão a ver como a mensagem da Páscoa é para todos?


sábado, abril 11, 2009

 

Flache da Semana - 14


A Procissão do Enterro do Senhor, aqui em Braga, está ainda mais grandiosa do que no passado. A olho nu, não vi ontem crise de fé no centro histórico da nossa cidade, de tão compenetradas que se apresentavam as milhares de pessoas que desfilavam e assistiam a tão piedosa manifestação.
O acontecimento, ainda que já muito repetido, desta vez marcou-me tanto que gostaria de o passar a tinta para mais tarde recordar. Mas não o faço porque não tenho palavras rigorosas para reportar o caso. Tive o impulso de chamar participantes e testemunhas, tanto às pessoas que caminhavam como às que estavam paradas. Mas talvez não sejam esses os termos certos porque até o jornal mais avisado da cidade, acerca da matéria, o Diário do Minho, nomeara reiteradamente de figurantes todos os que integraram, quarta-feira passada, a Procissão da Burrinha, nome popular do cortejo catequético "Vós Sereis o meu Povo".
Deste modo, de quem parecia peregrinar pelas ruas louvando e anunciando o seu Deus, disse o jornal católico que ia a representar um papel, a menos que a etimologia da latina palavra figurar seja mais benévola de sentido para os caminhantes da noite bracarense da passada quarta-feira.
Só aos sociólogos interessaria saber quem também ontem estava, apenas, a representar um papel na Procissão do Enterro; só a eles interessaria saber quem caminhava somente como figurão e quem assistia simplesmente como espectador. E entre os aparentemente activos e passivos, quem de facto participava. Porque Nosso Senhor tem outras contas e está muito acima dessas matemáticas.
Mas eu não sei com que palavras hei-de reportar o acontecimento. E por isso nada escrevo.


quinta-feira, abril 09, 2009

 

Temas de Braga - 23


"Caro(a) leitor(a) da BLCS,

Informamos que a BLCS
[Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva]
encerrará os seus serviços locais de 9 (quinta-feira) a 13 de Abril (segunda-feira), por tolerância de ponto na época pascal (... )
(...) aproveitamos para lhe desejar uma Páscoa recheada com boas leituras.

A Directora da BLCS
Aida Alves"

Parece um texto irónico, este que recebi no meu e-mail, enviado pela senhora Directora.
Há trinta anos, não havia pão fresco no dia de Natal nem no dia de Páscoa, mas a economia já resolveu o problema.
Mas ainda nos é negado, ali, o pãozinho do espírito, em dias ao espírito destinados.


quarta-feira, abril 08, 2009

 

Semana Santa em Braga - 2


Estive hoje a "ver passar" a popularmente designada "Procissão da Burrinha".
Devo dizer que a práxis do meu catolicismo não costuma dar grande espaço às procissões, que quase nunca integro e raramente assisto.
Procuro ser um cristão de valores, mas não sei avaliar o valor do meu testemunho.
Gosto muito da ideia de levar a fé para a vida, de ser o sal que faz falta, de fazer algo pela promoção humana. E a Igreja, no seu pluralismo, tem lugar para mim, sendo eu deste modo.
Mas fui ver esta procissão da Quarta-Feira Santa, aqui em Braga, que tem o nome "Vós Sereis o Meu Povo" e consiste num longo e expressivo cortejo Bíblico, que procura fazer catequese através de personagens alusivas, desde Abraão a Jesus, bem como pela execussão de belos cânticos e de diversificada expressão musical.
Estive com os olhos no cortejo, de que gostei; e com os ouvidos nos espectadores, que me iam esclarecendo sem que eu perguntasse. O povo sabe do que trata esta que é, talvez, a mais pedagógica de todas as procissões que eu conheço. E aquela faladora assistência, de milhares, tem cultura Bíblica e tem ali uma das "suas" manifestações.
É por isso que se justifica que a Junta de Freguesia se associe à paróquia no patrocínio do evento. Como se justifica que o poder político camarário o faça também para o conjunto da Semana Santa, ainda que isso incomode os fundamentalistas do "Estado laico".
É que o Estado é laico, sim senhor, mas a sociedade não é toda laica; nem a cultura é toda laica, como se vê, e o Estado está ao serviço da sociedade e dos seus interesses, sejam eles culturais, religiosos, desportivos, económicos e por aí fora.
Assim, nada me chocou ter visto ali, a encerrar o cortejo, a vereadora socialista Palmira Maciel, da Câmara, e os presidentes sociais-democratas das Juntas de Freguesia de S. Victor e de S. Lázaro. Também assim se faz a cidade.


segunda-feira, abril 06, 2009

 

Semana Santa em Braga - 1



"A sociedade está em crise: o ter confunde-se com o ser, o gozar com o amar, o poder com o servir".

(Padre Manuel Soares Guimarães, no "Sermão do Encontro", Domingo, 5/4/2009)


sábado, abril 04, 2009

 

Flache da Semana - 12


O G20 reuniu esta semana em Londres, diante da crise global, dos protestos da rua diversificados, de pressões várias e de esperanças difusas. A boa notícia é que já não são os oito países mais ricos a impor, sem mais, as suas leis, são agora as maiores economias que passam a ser tidas e ouvidas. Os mais pobres já contam, de certo modo, pois já se sentam na cimeira, por exemplo, a Indonésia, a Índia, o Brasil, a Argentina. E está a África, embora, para já, apenas, com o seu mais desenvolvido país, a África do Sul.
Os grandes começam a ceder, por medo, por estratégia, por necessidade. E houve quem deixasse a gravata em casa, para que não pudesse algum manifestante enforcá-lo com ela. Porque há muita fome, muito desespero; e a culpa há-de ser de alguém.
Das decisões da cimeira consta: o aumento dos fundos do FMI para apoiar os países membros; garantias e incentivos ao comércio internacional; maior supervisão dos sistemas financeiros; sanções para os paraísos fiscais que escondam informação; redefinição de regras mundiais de contabilidade. Tudo isto é, seguramente, muito pouco. E muitos morrerão de fome e de doença, e de frio, e de loucura, enquanto os senhores implementam as medidas. Depois, um dia, há-de haver nova Ordem. Que será, como sempre, só para alguns. E já não será para os que se foram.

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