deste modo

Fátima Almeida, coordenadora nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos e D. Januário Torgal Ferreira discordam da abertura dos supermercados ao domingo, segundo a Lusa. Também eu discordo. Fechem-nos todos, os grandes e os médios, senhores governantes, que para comer em sete dias basta comprar em seis. Mas, em compensação, dêem-nos um melhor pãozinho ao domingo: daquele que mata a fome da mente e da alma, esta não só nem sobretudo religiosamente dita. Abram mais museus, as bibliotecas, promovam melhor cinema, o teatro, o folclore, a poesia, instalem parques de merendas, imponham aos privados uma redução de ingressos de cinquenta por cento no primeiro dia da semana em todos os actos culturais e, quando preciso, apoiem-nos. E para que a Igreja não fique só pelas palavras e nem tampouco se reduza à Palavra, abram também, gratuitamente, os vossos museus e as vossas iniciativas culturais no Dia do Senhor, dado que o Estado já o faz e deve ajudar-vos a fazer o mesmo. É que já não pega tirar as pessoas dos supermercados e pô-las nas missas. Se a Igreja se abrir um pouco mais, aí sim, talvez até as pessoas entrem...

Fui ontem à livraria Centésima Página, em Braga, ver e ouvir o meu velhíssimo amigo Zé Dias, que ali estava a apresentar o seu livro "Memórias do Cidadão José Dias".

Trouxe o livro com uma dedicatória muito afectuosa - para mim e para a minha Fátima - e trouxe, também, o seu abraço quase chorado de emoção.

O Zé Dias há muito que não vive em Braga, desde que iniciou funções de director de turismo do Inatel e, posteriormente, de assessor do Presidente Jorge Sampaio; mas continua igual ao que sempre foi, sem quaisquer peneiras. Só podia esperar isso do Zé Dias, de resto.

Já pude dar uma boa olhadinha ao livro e fiquei enternecido com tão minucioso relatório de vida como mais ninguém, se não ele, poderia escrever. Até nisso temos um amigo absolutamente único.

Estou a pensar no "pensar é não agir", de Pessoa; e no pensar é agir, de mim, que também sou pessoa. Pois se penso ajo em mim e se digo ajo nos outros. E assim penso nesta quietinha invernação. O meu não fazer é construir.
Que bonito! Será que já alguém disse deste modo?