quinta-feira, julho 31, 2008

 

Ambiguidades - 1


Lucindinha - a minha biblioteca - tem
bicho nas estantes de madeira velha.


Às vezes espalha-se por aí,
osteoporosa: os seus volumes a encolherem.


Só eu sei o quanto eu vou partir

com a minha biblioteca Lucindinha.

fernando castro martins

Foto, com vénia.


quarta-feira, julho 30, 2008

 

Palavras Para Quê...

Obrigado, António, pela ironia que pões no teu comentário sobre a minha ortoportupanografia postada há dias. E achas tu que eu me levo a sério? Não levo, se levasse, ficava sem palavras quando as não tenho e me as não dão. Faço o que posso: palavras a pá e pica ou a martelo com pouca lixa. Mas toma lá: podes dizer portugrafia ou lusografia que ninguém te prende. Podem é tapar o nariz.


terça-feira, julho 29, 2008

 

Arcebispo Ortiga

O Diário do Minho informa hoje, em título, que o "Cardeal Martino vai encerrar o I Congresso de Pastoral Social". O Diário do Minho diz Cardeal Martino como costuma dizer Arcebispo D. Jorge Ortiga. Um tem Dom e outro não.
Lembro-me das últimas Semanas Sociais Portuguesas, que decorreram em Braga de 9 a 13 de Março de 2006, onde tive o gosto de estar presente.
Estavam ali quase todos os senhores bispos portugueses e também personalidades da mais fina flor da economia, da política, das universidades. Estavam também ali duas notáveis personalidades estrangeiras: Jacqes Delors, antigo presidente da Comissão Europeia e o já referido Cardeal Martino.
Todos ali se referiam aos senhores bispos portugueses dizendo "dom"; e a sua eminência que ali, de algum modo, representava o Vaticano, apenas pela dignidade eclesiástica e pelo nome: "o Cardeal Martino".
No estrangeiro já se guardou, há muito, o dom para os momentos solenes e nem por aqui se consegue pôr este dê-pontinho onde ele já não está, como se vê no mencionado título jornalístico.
Assim, talvez fosse bom deixar cair também por aqui o dom desnecessário, devagarinho, sem estrondo, embora reconheça que, ao fazermo-lo, parece que estamos a tirar alguma coisinha aos nossos senhores bispos.


segunda-feira, julho 28, 2008

 

Temas de Braga - 2

Entrei só ontem no edifício de Nª Sª da Torre, apesar de estar remodelado, informaram-me, há sete anos. A torre tem seis andares, fazia parte da antiga muralha da cidade e está junta à antiga Porta de Sant'iago. Quiseram fazer dela um miradouro, por ser uma das edificações mais altas do centro histórico. Não me parece que o miradouro seja grande coisa e para o fazerem introduziram na torre um elevador mais umas escadas que ocupam, em conjunto, quase toda a área disponível. Assim, parece-me que se perderam ali seis pequenas salas de exposições, uma por cada andar. Estou convencido de que se poderia ter feito melhor.


domingo, julho 27, 2008

 

Verdade, Verdadinha

Gostava de abordar o facto político trazido pelo livro de Gonçalo Amaral, A Verdade da Mentira - que não lerei -, deste modo:
Nada sabendo eu deste caso, o que eu tenho por certo e seguro é que as verdades mais puras e cruas estão, normalmente, do lado de fora dos poderes e interesses. E também estou convicto de que há verdades que não interessam a ninguém.
Eu gosto, sempre gostei, da verdade dos excluídos, embora não da dos ressentidos; e parece-me que ninguém há que não tivesse já prestado vassalagem a uma verdade conveniente.
Mas o que eu abomino mesmo são as hipocrisias dos poderes.
Não leio o livro, já disse.


sábado, julho 26, 2008

 

Era eu Pequenininho...



Um dia estava a chorar
era eu pequenininho
e o meu pai ao dar-me um beijo
- aquele distraidinho -
bebeu água sem querer
que até deve ter pensado:
- Que salgadinha que é!
Deve ser da pomadinha
que a mamã lhe pôs na cara
ou então da garotada
que ele faz sem me dizer...

fernando castro martins


sexta-feira, julho 25, 2008

 

Humanae Vitae

Faz hoje quarenta anos a encíclica da Vida Humana, do Papa Paulo VI, cuja doutrina o Papa actual reafirmou, recentemente: "esta não muda". Eu digo: é pena, no particular das camisinhas e dos contraceptivos químicos. Estou mesmo persuadido de que, daqui a uns anos, um Papa vai pedir perdão à Humanidade por este erro crasso que, não trazendo problemas entre nós - onde ninguém segue esse particular normativo - não ajuda mesmo nada a evitar a matança, pela sida, em África. Diante desta calamidade, a Igreja teria o dever, não de proibir mas antes de incentivar o balãozinho. Em prol da... humanae vitae.


quinta-feira, julho 24, 2008

 

Ortoportopanografia

Pronto! Rendo-me! O sr Presidente da República ratificou o Acordo Ortográfico, e, uma vez ratificado, acabou a minha luta contra ele, o Acordo. Por mim, reservo as minhas energias para aquelas causas que valham mesmo o meu sangue. De resto, o Acordo tem vantagens. Da minha parte, terei à mão, oportunamente, um novo dicionário - ah!, a palavra dicionário das minhas dúvidas se, tal como contrato, se devia escrever com dois cês!... (Confusão com dicção e contacto?) E fica agora tudo mais simples...
Deixo os meus votos de que este Acordo resulte numa verdadeira ortoportopanografia: orto (regra), porto (português), pano (universal), grafia (escrita). Ortoportopanografia, portanto.
Será que já alguém disse deste modo?


quarta-feira, julho 23, 2008

 

Utopia

A RTP 1 está a apresentar a série The Tudors, que aborda o controverso reinado do rei inglês Henrique VIII e os relevantes factos que este monarca registou na história, nomeadamente no âmbito das suas relações com a Igreja e com as suas duas principais mulheres: Catarina de Aragão e Ana Bolena.
Não sou crítico de cinema, nada sei desta arte sublime, pelo que me limito a sublinhar a grandeza moral de Tomás Moro, figura ali muito bem tratada, governante que foi tão leal ao seu rei mas acabou no cadafalso, porque, igualmente, foi fiel à sua consciência.
Fazem-nos bem estas noites televisivas, porque, a seguir, pega a gente nos livros de história, também nos livros das artes literárias, e continua o processo de discernimento cultural e ético. Assim, tenho já agendada a releitura do livro Utopia. Aconselho-o. Este, está em quase todas as bibliotecas públicas. Só não lê quem não quer.


terça-feira, julho 22, 2008

 

Temas de Braga -1

No Domingo passado, um rapaz de dez anos ficou uma temporada espetado numa lança de um portão, em Nogueira, antes que fosse chamado o 112 e este chegasse. O menino disse, depois, que queria encurtar caminho para casa, e, por essa razão, tinha decidido atravessar aquela propriedade privada.
Foi levado ao hospital com a lança atravessada numa perna, pois tinha esta sido destacado do portão com uma serra para que não fosse o rapaz mais ferido ainda ao proceder-se de outro modo.
A notícia suscita-me alguma reflexão, pois verifico que abundam por aí este género de portões, de todo desaconselháveis: não evitam os assaltos dos verdadeiros salteadores - que não caem em tão ridículas ratoeiras - e são um enorme perigo para as crianças.
Ademais, eu vejo por aí modelos de cancelas que têm uns travessões a sugerir uma escadinha - como se estivessem a dizer podes subir meu menino -, e depois têm apontadas ao céu aquelas fatídicas lanças do diabo. Parece que os proprietários destas incríveis cortinas de ferro estão a incentivar o erro para que depois possam aplicar a lição do castigo.
Julgo que é precisa mais inteligência: dos senhores proprietários desses portões; dos senhores arquitectos; e dos senhores serralheiros. Porque, se todos lhes pedimos obras belas, exigimos-lhes que as não façam criminosas.
Se o rapaz morresse, ia haver ali pano para mangas na justiça, e, ainda assim, não sei se não haverá.


segunda-feira, julho 21, 2008

 

Pe Horácio de Noronha:

Um Nobre ao Serviço dos Pobres e Oprimidos

Como eu gosto de pessoas assim: eruditos dos livros, estudam eternamente na escola dos pobres. Sabem latim e grego, conhecem as mais remotas etimologias das palavras caras, e, ainda assim, sabem falar com os excluídos de um modo que estes vêem mesmo do que lhes falam.

Estes homens não gritam lá de cima a dizer libertai-vos; e muito menos a dizer tende paciência. São um fermento, dando qualidade e esperança à massa dos espoliados; são estrelas de luz, sinalizando caminhos.
Ontem estive ao pé de um homem desta dimensão. Ao todo seríamos duzentos: admiradores, discípulos, companheiros. Fazia cinquenta anos de Padre. Fomos todos ter com ele para celebrar. Não levámos presentes, porque os não julgavamos necessários, não levámos palavras caras porque as não tínhamos. Estávamos com ele. Estávamos presentes. Éramos o seu presente.
Foi um dia inteirinho de celebração que culminou com uma celebração maior, a da partilha do Pão e do Vinho, e todos saímos dali saciados e fortalecidos. Nos olhos dos presentes - e o meu sentimento quero aqui dize-lo - estava uma expressão colectiva de que a Igreja pode precisar de padres, mas do que ela precisa mesmo é de padres deste modo.
Peço a sua bênção, Padre Horácio de Noronha.


domingo, julho 20, 2008

 

O Trabalho em Arco-Íris

"O mercado do trabalho - diz o sociólogo José Machado Pais, no seu livro 'Ganchos, Tachos e Biscates' - encontra-se retalhado em lotes: O mercado negro (dos trabalhadores clandestinos); o mercado azul (dos operários de macacão de ganga); o mercado branco (dos colarinhos brancos); o mercado rosa (das empregadas domésticas, secretárias, recepcionistas, telefonistas); o mercado vermelho (das linhas eróticas e afins); o mercado cinzento (dos burocratas)".
Este livro contém ainda abordagens muito originais sobre a precariedade actual no mundo do trabalho, sobre os 'trabalhinhos' a que se têm de agarrar os jovens licenciados, por ausência de oportunidades; por isso um livro muito actual e interessante que não resisto a aconselhar nestas férias. Mesmo àqueles que não padecem daquela insegurança, mas podem, assim, perceber melhor o mundo em que estão metidos.
Editora: Ambar.


sábado, julho 19, 2008

 

Deambulações de Férias - 2

Já vos deve ter acontecido: vai a gente a uma cafetaria, pede uma cervejinha, põem-nos à frente também uns tremocinhos, pagamos o líquido e o sólido e saímos saciados e felizes.
Se vamos a um restaurante pagamos umas entradinhas, com nome francês, que não pedimos, a que não resistimos, e vamos embora igualmente bem dispostos, sobretudo se bebemos também umas boas pingas.
Tamanha solicitude empresarial sabe a todos muito bem, pior fora se nos malhassem com um pau e ninguém é tão mesquinho que se ponha a cortar na casaca da sua própria felicidade de comer e ser comido.
Eu pensava que esta eficiência profissional era exclusiva de quem, ocasional ou sistematicamente nos serve o bico, mas vejam lá a outra versão desta sacrossanta generosidade: ontem cheguei a um quiosque, estendi dois euros diante da abertura do atendimento, e, antes que pudesse dizer quero o Público caro senhor, tinha já na mão o recibo de uma aposta do euro-milhões, que custa aquele valor. Tentei reclamar, dizer que não tinha apresentado palpite; mas agora a máquina do jogo joga por nós e ia lá eu resistir a ficar rico, assim, logo no meu dia de anos. Pronto: desembolsei mais um euro e quarenta pelo meu jornal que tinha, entretanto, ficado com as mais velhas notícias do mundo e achei tanta piada ao sucedido que perdi o recibo do jogo e decerto estou agora feliz de rico sem o saber.


sexta-feira, julho 18, 2008

 

Aniversário

Não vou afirmar que este dia é melhor que os outros por nele terem nascido dois excelentes senhores: O Nelson, há 90 anos, e o Fernando, há 52.
É que me não custa acreditar que, também neste dia, tenham nascido facínoras, patifes e cobardes.
Assim, neste eventual dia de duas caras, pau de dois bicos, decido não fazer anos. De resto, nem eu próprio nem o preciosíssimo Mandela precisamos de mais.


quinta-feira, julho 17, 2008

 

Deambulações de Férias - 1


Errar por aí sem destino, em férias de meios nesta pacatíssima cidade, é ir ao encontro do destino das pequenas coisas.

Passo pelo parque de estacionamento, abanando o meu porta-chaves, e, um senhor, de pescoço esticado perfurando a janela do lado esquerdo do seu automóvel, em impaciente espera, pergunta-me:

- Vai sair?
- Não! - digo eu –, estou a pé.
E fico um tempinho a conversar com ele.

Sigo o meu caminho e recolho-me agora do Sol à porta de uma igreja, continuando a fazer das minhas chaves campainha para matar o tempo.
Uma velhinha aproxima-se e pergunta-me:

- Vai fechar?
- Não - digo eu –, não sou o sacristão.
E fico a saber das doenças de que padece a velhinha e eu próprio me confesso a ela, naquele espaço santo.

Por fim, entro, emotivo, na casa das chaves do centro da cidade, abanando o porta-chaves à altura da minha testa. E é o chaveiro que fala:

- Quer reproduzir?
- Não – digo eu -, venho agradecer-lhe, meu amigo, por estas chaves de abrir pessoas.


quarta-feira, julho 16, 2008

 

Vieira da Silva

Ao ouvir ontem o sr Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, em entrevista a Constança Cunha e Sá, na TVI, confirmei as minhas impressões: Vieira da Silva é um homem sereno, competente, um verdadeiro social-democrata com preocupações de justiça social. Mas o mundo está em mudança acelerada, a globalização económica e cultural traz inesperados desafios, os governos podem pouco nesta conjuntura e é crucial a obtenção de compromissos mesmo quando se pretende combater as desigualdades e exclusões sociais. É verdade que a CGTP não tem entendido assim, mas, também por isso, os trabalhadores, os desempregados, os pobres, os jovens licenciados sem perspectivas, todos esses saem a perder sem o contributo da maior central sindical.


terça-feira, julho 15, 2008

 

Pobres Trabalhadores

Alfredo Bruto da Costa, presidente do Conselho Económico e Social, foi ontem entregar ao sr Presidente da República o estudo desta instituição sobre a pobreza, onde se conclui que trinta e cinco por cento dos pobres em Portugal estão empregados. Isto é, não chega já ter trabalho/emprego para se viver dignamente.
Este dado deve ser retido por aqueles que enchem a boca com a sentença de que a culpa principal da pobreza está nos próprios pobres.
É preciso, sim, estudar todas as causas desta ignomínia e agir política e solidariamente, que já santo Agostinho dizia, e cito de cor, que o que sobra aos ricos é roubado aos pobres. Há, então, que restituir-redistribuir com emergência, não só o pão mas também a instrução e o trabalho dignamente remunerado.
Porque se os ricos, hoje, não abrem mão, amanhã os pobres cobrarão.


segunda-feira, julho 14, 2008

 

O Problema Social

Chegam-nos ecos dos terríveis confrontos que ocorrerem na Sexta-Feira passada no bairro social da Quinta das Fontes, em Loures.
Aqui em Braga não se têm verificado, felizmente, tão graves situações, mas é preciso estarem as autoridades atentas e actuantes.
Por aqui há um incontável excesso de habitações (20 mil? 30 mil?), que põe problemas à economia local mas tem ajudado, parcialmente, a alterar o tecido social da cidade.
Já há, por aqui, muitas famílias ciganas integradas na malha urbana, com casa própria ou arrendada, o mesmo acontecendo com outras minorias. É um sinal de esperança, embora não estejam totalmente ausentes fricções e conflitos.
Já por aqui se deixaram de construir bairros sociais, o que é louvável. Mas tenho observado um facto: do mesmo modo que algumas famílias se têm deslocado dos bairros sociais, e suas periferias, para zonas menos estigmatizadas, outros, que aqui moravam, têm saído para zonas mais chiques ou para as aldeias. Trata-se, talvez, de um fenómeno de ascensão social mas mais parece que estão alguns pobres a caminhar para a civilização enquanto outros, mais remediados, lhes fogem. Digamos que há como que uma evolução da guetização para a estratificação mas esta está muito longe da inclusão necessária porque ela faz doer.
O desafio para cada um, se queremos um mundo melhor, é não andarmos a fugir uns dos outros; e para os poderes públicos é o de inventarem políticas e incentivos que promovam uma melhor coesão-inclusão social.


domingo, julho 13, 2008

 

Juventude em Acção: Já!

Promover a cidadania europeia e a solidariedade entre os jovens é o objectivo da Agência Nacional Juventude em Acção, instituída pela União Europeia e pelo Governo Português, com sede em Braga. Ontem, o seu dirigente máximo, Pompeu Martins, divulgou amplamente a natureza desta instituição em longa entrevista ao Correio do Minho; informação esta que me enche de alegria. Porque está na juventude o sustento crucial da nossa esperança e porque, com ela contamos: em participação de qualidade, de exigência e de altruísmo.
Saibam os jovens e as suas organizações acolher esta oferta maravilha, que ela possa ser nas suas vidas "o primeiro passo de alguma coisa, que fiquem com contactos e hábitos de trabalho que permitam uma relação de continuidade", como bem diz, na entrevista, Pompeu Martins.
Finalmente o meu voto para que não haja desperdício de meios - e rejubilo que haja "uma cadeia de muitos olhos a olhar para cada projecto para garantir a transparência e a equidade" - porque está em causa um orçamento, só para o nosso país, de três milhões de euros por ano. Que a verba seja integralmente gasta, mas com muito, muito, muito trabalho.


sábado, julho 12, 2008

 

Influxo

Um poema eu faço num minuto

Sem erro nem desdita

As palavras eu não discuto

Se Deus me as dita.


sexta-feira, julho 11, 2008

 

Pró-Memória 13/07/1958 - 13/07/2008

Ocorre, no próximo Domingo, o 50º aniversário da "Pró-Memória", carta do bispo António Ferreira Gomes a Salazar - na sequência das eleições em que Humberto Delgado disputou a presidência - que valeu ao titular da diocese do Porto o castigo de 10 longos anos de exílio. Ainda hoje me impressiona o isolamento desta grande personagem no seio do Episcopado Português, sendo que mais nenhum bispo da Metrópole se manifestou sensível às gritantes injustiças e fraudes do Regime, não soube ler os sinais dos tempos, e preferiu, de algum modo, associar-se à derrota da Situação, em 25 de Abril de 1974. Assim, D. António Ferreira Gomes foi um homem único no duplo sentido do termo. Pela grandeza e pela solidão. Beijo-lhe aqui o seu anel episcopal.


quinta-feira, julho 10, 2008

 

Marreta e Mariana

Na escovadela recente aos meus livros, a dois deles quis eu também limpar por dentro, que às letras, a essas, varro-lhe eu o pó com as pestanas.
Tinha saudades daquelas personagens que crescem das palavras, pois julga-as a gente ali plantadas pequeninas, figuras secundárias, e, ao i-las a gente lendo, elas vão-se-nos crescendo como embondeiros.
Eu conto-vos: eu estive a sós, por estes dias, com Marreta, dentro de "A Lã e a Neve", propriedade de Ferreira de Castro; e depois fui ter com Mariana, a do "Amor de Perdição", de Camilo. E só vos digo: foram encontros enternecedores mas nem Castro nem Camilo se importaram. Podeis, pois, estar também à-vontade.


quarta-feira, julho 09, 2008

 

Julgados de Paz

Por gentil convite da Presidente da Associação de Pais da escola EBI Fujacal, onde trabalho, pude participar, hoje, num magnífico dia de formação na Associação Industrial do Minho, sobre mediação de conflitos, tendo por parceiros "de carteira" sobretudo distintos advogados, psicólogos, mediadores.
Foi um dia muito denso e proveitoso, a ouvir a Dra Angela Cerdeira, Julgada de Paz em Terras de Bouro; O Prof. Dr Carlos Poiares, Psicólogo Forense e Director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona - Lisboa; a Dra Teresa Barreto Xavier, Mediadora de Conflitos e membro fundador da associação EU e o OUTRO; a Dra Isabel Oliveira, Mediadora de Conflitos da Associação Consensus, Advogada; o Dr Bruno Caldeira, psicólogo, Presidente da Associação de Mediadores de Conflitos; o Dr Carlos Gomes Ferreira, responsável pela área jurídica da AI-Minho.
Trouxe dali uma substantiva aprendizagem sobre a temática, que para mim era essencialmente nova, e trouxe, também, uma pergunta: porque não há ainda, nesta cidade de Braga tão rica em micro-quezílias, um Julgado de Paz, que possa semear concórdia por bom preço, com poucos papeis e em tempo útil, aliviando os tribunais para as grandes causas? Ali, fiquei a saber que, para isso, basta a boa vontade conjunta de autarquia e governo. Coisa pouca, afinal.


terça-feira, julho 08, 2008

 

Comunidade de Leitores

Estive ontem na Velha-a-Branca, em mais um encontro da sua Comunidade de Leitores. Gostei. O modelo da sessão, desta vez, foi diferente, falando cada participante dos livros que sugere, em lugar de ser um orador a apresentar a sua reflexão a partir de uma obra, seguida de debate. Justificava-se a inovação porque este é já tempo de férias e há mais gente por aí a ler e a fazer as suas escolhas para este período em que os dias se tornam mais serenos para o convívio com a boa literatura.
Também levei ali as minhas propostas, obras de observação sociológica; que aqui deixo: "Procissão dos Passos - Uma vivência no Bairro Alto", de Abel Varzim, Ed. Multinova; e Ganchos, tachos e biscates, de José Machado Pais, Ed Ambar. Mas a Velha tem o seu site onde podem saber mais novidades: http://www.velha-a-branca.net/. A Velha é já um caso sério. Dêem aqui uma olhadinha mas vão lá ver como é.


domingo, julho 06, 2008

 

O Sétimo Selo

- Livro -
Devo dizer que não iria a correr comprar este livro pois desconfio sempre deste género de obras que têm a aparência de serem escritas apenas para as grandes tiragens e para os generosos lucros. Mas ofereceram-mo, e acabo de o ler. E à parte o seu enredo um pouco leviano, o certo é que está ali muita informação factual, científica e fidedigna a demonstrar que o nosso planeta se encontra em paulatina destruição criminosa, aparentemente irreversível, por incomensuráveis interesses que giram sobretudo à volta do petróleo e das grandes potências.
É um livro para ser bem entendido, actualíssimo; escrito por um grande repórter profissional, José Rodrigues dos Santos, que escolheu esta forma para editar verdades candentes e de as fazer chegar a muita gente.
É um bom desassossego para férias.

 

de uma só linha - 21

Dizer que alguém é melhor que alguém é reduzir os dois à dimensão comparativa.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?