domingo, setembro 27, 2009

 

A Cidadania Dos Meus Filhos


São dezassete horas, e enquanto espero o resultado das eleições, espero também o regresso dos meus três filhos que estão a prestar serviço em outras tantas mesas de voto. Estou muito orgulhoso dos meus filhos, em momento em que tantos afirmam que os jovens estão desmotivados. Eu próprio fui secretário numa mesa de voto nas primeiras eleições em democracia, para a Assembleia Constituinte, em 25 de Abril de 1975, tinha então dezoito anos. Dois dos meus filhos têm hoje essa idade - o outro tem 24 -, não são, portanto, menos participativos que eu. De resto, quem se queixa da juventude, lá sabe que contributo deu para que ela fosse o que pensa que ela é. Eu não me queixo. Nem deles nem de mim.


domingo, setembro 20, 2009

 

Sem Ética Mas Com Pimenta


A famosa manchete do Público, de 18 de Agosto, sobre as alegadas escutas de S. Bento a Belém, -de dar ainda muito que falar.
Para já, deixemos em repouso os supostos factos, e detenhamo-nos no modo como se elaboram as notícias.
Para este exercício, nada melhor do que lermos o texto que o Provedor do Leitor do jornal Público, Joaquim Vieira, dá hoje à estampa neste jornal.
O provedor denuncia "graves erros jornalísticos praticados [pelo Público] em todo este processo", entre as quais não ouvir uma das partes envolvidas na notícia e "permitir que o guião da investigação fosse ditado pela outra parte".
Joaquim Vieira acha também muito "estranho, inexplicável mesmo" que o Diário de Notícias tenha publicado um e-mail de trabalho de um jornalista do Público para outro jornalista do mesmo jornal. Porém, não se detém sobre este assunto porque, diz, "não é provedor do DN, sim do Público".
Conclusão: fazer um jornal é uma maçada porque nem sempre há notícias picantes para dar.
Quando assim é, lá vem a tentação de fazer um cozinhado com a pimenta da casa, procurando evitar ouvir as partes envolvidas para que se não venha a correr o risco de estragar o menu.
Ainda bem que temos um óptimo provedor, cuja sentença de hoje aconselho a ler.
Obrigado Sr. Joaquim Vieira.


domingo, setembro 13, 2009

 

Sócrates versus Manuela



José Sócrates e Manuela Ferreira Leite enfrentaram-se ontem na televisão, no último dos dez debates da pré-campanha eleitoral.
Assim, faço, também, o meu balanço após estes dez retóricos duelos.
A minha primeira percepção é de que parece renascer, de algum modo, o interesse dos portugueses pela política. Verifico-o nos valores das audiências dos debates, reportado, em média, em mais de um milhão de espectadores; e noto-o na subtil e espontânea participação das ruas: as pessoas, e nomeadamente os jovens, falam agora mais de questões políticas, estando mais atentos e motivados.
A minha segunda percepção é de que o sistema partidário está muito fechado entre si, sendo muito difícil a entrada formal de novos valores; e também os chamados pequenos partidos (extra-parlamentares) não têm forma de crescer e de dar o seu contributo, pois lhes estão fechados os meios de comunicação social. Assim, aquele ânimo das ruas, dos cidadãos comuns, não é aproveitado no todo do seu melhor.
O debate de ontem entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates, mostrou a primeira com imensas fragilidades pessoais e políticas - aquilo era gafe sobre gafe -, e o segundo muito sólido e conhecedor dos dossiês da governação. Eu sempre fui um independente da área do socialismo democrático e não tenho quaisquer dúvidas: voto José Sócrates.


sábado, setembro 05, 2009

 

Não Choro por Manuela


Quando o calor da luta política é mais intenso, eu gosto de me refrescar junto de técnicos e de sábios que me permitam o possível discernimento. É neste contexto que acabo de ouvir na RTP, com proveito, a universitária Felisbela Lopes, na sua análise semanal de imprensa. Ela lembra que a empresa PRISA, dona da TVI, está em desamores com o PSOE espanhol e não vê como teria ela interesse em fazer um favor ao PS português na suspensão do famigerado jornal da Manuela Moura Guedes; que aquela empresa está com as calças na mão, financeiramente falando, e que o referido jornal de sexta era caríssimo; que o trabalho de Manuela e sua equipa "não primava nem pela ética nem pela deontologia".
Eu admito que a suspensão do jornal seja uma monumental sacanice dirigida contra Sócrates. Quanto à morte de um noticiário sem ética nem deontologia, isso só pode dar saúde aos portugueses, pelo que não choro nem uma lágrima neste enterro.
Mas ressalvo que, no caso de estar por detrás deste acontecimento um puro acto de censura, isso é absolutamente condenável.

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