domingo, janeiro 25, 2009

 

Paulo e as Mulheres


São Paulo está em debate durante um ano na Igreja católica de todo o mundo e é justo que nos interroguemos para que serve esta longa reflexão. Porque a mesma pode desembocar no simples reforço da argumentação para a venda do produto de sempre ou na abertura a novos paradigmas. Não é levianamente que assinalo esta alternativa de resultados, pois aquele intelectual da fundação do cristianismo que alguns julgavam misógino e machista era afinal amigo das mulheres e contava com elas, em plena igualdade com os homens, nas primeiras comunidades por ele fundadas. Para Saulo de Tarso não havia nem judeu nem grego, nem romano, nem homem nem mulher; e seria óptimo que após um ano de reflexão à volta do Santo, a Igreja percebesse que não tem melhor retórica que aquela para se justificar quanto à proibição do sacerdócio feminino.


sábado, janeiro 24, 2009

 

Flache da Semana - 3


Este fim-de-semana foi tomado pelo caso Freeport que a justiça está a investigar por alegadamente ter havido favorecimento e corrupção no seu licenciamento. O caso remonta ao tempo do governo de António Guterres, sendo que foi o seu ministro do ambiente, José Sócrates, que licenciou o duvidoso empreendimento. O caso foi levantado em Inglaterra onde a Freeport tem a empresa-mãe, e onde foi encontrado um enorme buraco financeiro, supostamente devido ao pagamento de luvas, e há pistas em Portugal. A SIC dá quarenta e cinco minutos do seu telejornal de hoje ao caso. O procurador da República garante que está a investigar e diz que tanto lhe faz que os suspeitos sejam pedreiros, médicos ou engenheiros. O agora primeiro-ministro nega ilegalidades por si praticadas, justifica-se e pede que a justiça faça o seu trabalho. As oposições, sóbrias, pedem o mesmo.
Eu desejo que José Sócrates esteja totalmente inocente neste caso, para bem de Portugal. Nunca fui partidário da ideia do quanto pior melhor e julgo que precisamos que o chefe do governo esteja acima de toda a suspeita para enfrentar a gravíssima crise em que estamos afundados. Eu creio em José Sócrates.


terça-feira, janeiro 20, 2009

 

de uma só linha - 29


Barack Obama: este negro excelente tem hoje a cor da minha Esperança. Parabéns América!


segunda-feira, janeiro 19, 2009

 

Com a Devida Vénia - 6


Habituei-me a respeitar a escritora Alice Vieira. Leio-a desde há muito e considero-a uma pessoa progressista que presta, pelo seu trabalho e testemunho, um inestimável serviço de cidadania. Sei que ela visita escolas desde há trinta anos, dando conferências sobre os seus livros e acho, de resto, que escreve com rara sensibilidade e magistral captação do sentir de crianças e jovens. É por isso que não me é indiferente o que ela diz na entrevista que deu ao jornal Público de hoje, a propósito da greve dos professores, que também hoje tem lugar.
Assim:

Público
: Esta é a segunda greve de professores este ano lectivo. Em que é que estas acções influenciam a qualidade da escola pública?

Alice Vieira: (...) Quando 140 mil professores Vêm para a rua, é óbvio que devem ter razão, mas não a têm toda. A ideia que tenho, desde o princípio, é que a ministra tem razão em querer que os professores sejam avaliados (...)
A ideia que passa é que os professores não querem ser avaliados e é fácil veicular isso porque os professores são um grupo complicado (...)
As leis são iguais para todos, mas há escolas onde dá gosto ver o trabalho que os professores fazem e a ministra é a mesma! (...)
Converso com professores e é um susto, desde a língua portuguesa, tratada de uma maneira desgraçada, até ao desconhecimento dos autores. (...) Muitos professores têm uma formação muito, muito, muito deficiente. Não só falam mal como se queixam dos miúdos.
(...) Aconteceu uma coisa terrível na educação: tudo tem de ser lúdico, nada pode dar trabalho. Não pode ser. (...)
Quando vou às escolas, esforço-me por transmitir aos alunos que as coisas dão trabalho, mas os próprios professores passam a mensagem de não querer ter trabalho. Quando vou ao estrangeiro, vejo os professores e penso: "Se fosse em Portugal não era assim". Fazem o que for preciso. Cá dizem que não é da sua competência. A educação é daquelas matérias em que, se calhar, são precisas medidas impopulares. (...)
O professor não tem autoridade nenhuma. A solução passa por mais interesse e mais disciplina. O professor tem de sentir gosto pelo que faz e transmiti-lo. (...)

 

Com a Devida Vénia - 5


Sinto meu dever publicitar as oportuníssimas palavras do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles dadas a lume na revista dos associados e amigos do Fórum Abel Varzim - Desenvolvimento e Solidariedade, nº 39, que acaba de me chegar às mãos e se aplica como ajustadas luvas à nossa amada cidade de Braga, onde há dezenas de milhares de casas sem pessoas e de lojas sem actividade.
Eis:

Revista Transformar: O que há a corrigir no actual modelo autárquico?

Gonçalo Ribeiro Teles:
Primeiro, construção zero! Para se construir de novo tem de se deitar abaixo o que está mal feito e não ocupar mais solos que não há. Não há mais construção. As casas estão vazias. Zero construção.


domingo, janeiro 18, 2009

 

DE MÃO EM MÃO


"De Mão em Mão" é o nome do simpático jornalinho da minha escola. Tem vinte e duas páginas e uma tiragem de trezentos exemplares. Tem as secções de: A Voz dos Pais, A Voz do Jardim de Infância, A Voz do Primeiro Ciclo, A Voz dos Professores, a Voz dos Auxiliares de Educação, Humor e Passatempos. É bi anual. Custa um euro. Acaba de sair o primeiro número deste ano lectivo e o porteiro teve também direito a dar à luz o seu textinho, que segue:

Era Uma Vez o Relógio do Amor...

- Bem sabes, João, que está há muito estabelecido que a cabeça pensa e o coração ama.
Rosalina está unida ao seu rebento num forte abraço, ao mesmo tempo que insiste naquela separação. E continua:
- Não tens que ter tantas namoradinhas na escola. Nem tanto amor, nem tão pouca cabecinha…
E a mãe discorre agora acerca do possível sofrimento que tão grande quantidade de afectos pode causar, também, nas partes envolvidas. Enfim, uma lição muito útil, no quentinho dos seus braços, que está ainda para durar:
- Bem sabes, meu Joãozinho, que o coração é como um relógio. Está sempre tic-tac, tic-tac; e quando se ama este relógio acelera…
Chegados aqui, o João agita-se um pouco nos braços da mãe. Está comovido com tão belo discurso, mas o que o sobressalta é a busca da coragem para o que vai dizer:
- Mãezinha, eu queria-te contar um segredo… sabes… o teu relógio… eu dizia que não fui eu que o perdi, mas fui eu…
- Meu filho – diz a mãe -, e sempre o negaste. E eu ralhei tanto contigo. És o responsável por eu não ter relógio e de chegarmos tarde à escola.
- Não foi por mal, mamã – respondeu João -, eu era pequenino, não sabia, e pu-lo no eco-ponto verde. O relógio tinha vidro e tu ensinaste-me - e também me ensinou a senhora professora - que não se deita nada para o chão: ou se põe no lixo ou se coloca no eco-ponto. Agora já sei – já tenho seis anos! – que um relógio faz muita falta…
- Pois é – continua a mãe -, mas agora andamos a chegar tarde à escola…
Dito isto, João puxa a mão de Rosalina até si e espalma-a bem coladinha ao seu peito. Por fim, dá o seu palpite:
- Mas olha, mãe, como o meu relógio está despachado. Eu acho que se tu te guiares por ele nunca mais nos vamos atrasar.

............................................................ Com um beijinho do porteiro: Fernando Castro Martins


sábado, janeiro 17, 2009

 

Flache da Semana - 2


A semana foi marcada pela polémica ateada pelo cardeal-patriarca de Lisboa que disse, informalmente, no fim de um colóquio às mulheres portuguesas: "pensem duas vezes antes de casar com um muçulmano, [pois vão] meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam".
O cardeal José Policarpo justificou as suas declarações que de resto foram entendidas e reiteradas por muitos, mas, ainda assim, as mesmas merecem crítica por meterem no mesmo saco todos os muçulmanos quando sabemos há imensas correntes dentro da fé maometana. Nesta religião não há o pensamento quase único que se verifica, por exemplo, na Igreja Católica, instituição esta muito hierarquizada e disciplinada. Assim, quando se fala da Igreja Católica, sabe-se do que se está a falar, mas o mesmo não acontece, penso eu, com os muçulmanos onde há muito mais religião para além das teocracias do Bin Laden, do Aiatolá Khamenei, do Hesbolat, do Hamas, etc.
Penso, assim, que é justificado o desconforto que sentiram os crentes pacíficos daquela fé.


sexta-feira, janeiro 16, 2009

 

Ainda o Natal na Minha Escola...



O Blogue da minha escola seleccionou para publicação algumas fotografias, entre centenas, da sua Festa de Natal, onde eu, vestido de Pai Natal, fui incumbido de distribuir rebuçados aos meninos e apresentar o espectáculo no palco. Claro que estou vaidoso, embora a expressão do meu rosto esteja tapada.

(Ver também o link na coluna da direita).


quinta-feira, janeiro 15, 2009

 

Saramago


José Saramago reitera agora o que disse no ano 2000, quando pôde "verificar, in loco, a que vida humilhante estavam condenados os palestinianos tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza", visita que o levara a afirmar "ter encontrado ali o espírito de Auschwitz". É uma afirmação muito polémica, demasiado forte, mas as grandes figuras são, por vezes, chamadas a colocar as questões em determinados patamares de reflexão. Não me choca a comparação se ela servir para o encontro das justas soluções. O que se passa naqueles territórios é infame, é a ignomínia num dos seus mais elevados esplendores. Se Saramago vem ajudar, e as palavras também são armas de paz, oiçámo-lo e esqueçamos até que nunca ele condenou a indústria de matança do Gulag, do regime de Pol-Pot e outras. A hora é de pragmatismo e de objectividade. Contemos com Saramago e também com outros senhores que possam dizer de forma diferente. Não podemos desperdiçar boas-vontades.


quarta-feira, janeiro 14, 2009

 

Gaza


A tragédia prossegue na Faixa de Gaza sem fim à vista, enquanto a comunidade internacional se passeia, mansamente, entre contactos e reuniões. Há já mil mortos e milhares de feridos, manifestações de rua e opinião publicada a favor de uma e de outra parte. As esquerdas estão, como sempre, maioritariamente do lado palestiniano, as direitas inclinam-se para Israel. Há ainda argumentos, sessenta anos depois, a bater na tecla do estado sionista, do grande Israel, da grande Palestina. A religião, as duas religiões, estão no centro do problema, mais do que a política. Mas é com política, só com politica, que se pode resolver o diferendo. É preciso partir do status quo para as soluções, situar as coisas no plano do direito internacional, agir com pragmatismo e com moderação. É preciso dar força às partes moderadas dos dois lados e combater os radicais. É necessário que o Hamas e o Likud percam as próximas eleições. A escolha é entre pombas e falcões, a paz definitiva e a guerra permanente. Mas não se pode hostilizar totalmente os radicais que têm o apoio das populações, se entendemos que o regime democrático é uma mais-valia. Na impossibilidade de uma nação israelo-palestiniana nos próximos duzentos anos, crie-se já o Estado Palestiniano ao lado de Israel. Oxalá Barack Obama queira mesmo resolver o problema.


segunda-feira, janeiro 12, 2009

 

de uma só linha - 28


Arrebitai portugueses que é vosso o melhor do mundo. (Obrigado, Cristiano Ronaldo!)


domingo, janeiro 11, 2009

 

Altas Palavras - 13 (as minhas palavras...)


"Meu adorado filho: eu sou um padre. Um padre é um pai, e agora, ao pé de ti, sinto-me pai duas vezes. Mais ainda porque tenho de compensar o pai que não fui e a mãe que não tens. Eu traí os meus votos, e para os remediar, traí-te a ti e à tua mãe. Não há explicação (...)
Eu trouxe a tua mãe grávida de quatro meses aqui para Braga, por ser longe e a cidade pertencer a outra diocese. Tinha o coração esfacelado e estávamos ambos com muita vergonha..."

(Fernando Castro Martins, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)

N.B. Termina aqui a publicação dos treze extractos de outros tantos textos que compõem a obra referida. A selecção é da minha inteira responsabilidade.
O livro pode ser já procurado nas livrarias.



sábado, janeiro 10, 2009

 

Flache da Semana - 1


A SIC levou ontem a debate o famigerado caso Esmeralda, dado que o tribunal decidiu entregar a guarda definitiva da menor ao pai biológico, depois de aquela ter vivido, durante sete anos, com o casal candidato à adopção.
Foi este um caso muito discutido, a gerar paixões desencontradas, desembocando num jogo em que só à menina parece estar vedado o direito à vitória.
No debate televisivo esteve um juiz, um neuropediatra e um psicólogo clínico, este de nome Luís Vilas-Boas, que é director do Refúgio Aboim Ascenção, instituição vocacionada para o apoio a crianças desprotegidas. Este senhor mostrou-se consternado, revoltado mesmo com a decisão do tribunal e revelou um envolvimento emocional, uma agitação e parcialidade com o caso que me pareceu uma atitude pouco profissional.
Eu já aqui me referi ao caso, em 26 de Setembro de 2007, e mantenho a mesma posição: se há pelo menos três pessoas candidatas a pais, que essa inflação paternal reverta a favor da criança. Entendam-se; que o pai de sangue, agora vencedor, estenda a mão ao outro casal e que este possa continuar a manter algum tipo de ligação à menina, para benefício desta.
Se todos os grandinhos tiverem juízo, a pequenina salvar-se-à dos traumas, disso tenho eu a esperança.

 

Altas Palavras - 12


"De olhos baços, pegou em si e entrou no café. Daquela mesa via-se passar meia Braga".


(Guilherme Soares, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


sexta-feira, janeiro 09, 2009

 

Altas Palavras - 11


"O meu coração, quando atravessei a Avenida Central, parecia uma bomba prestes a explodir, tal o ritmo com que batia".


(Carlos Jorge Gama Nogueira, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


quinta-feira, janeiro 08, 2009

 

Altas Palavras - 10


"Quando eu lhe aparecesse em Braga, com a tropa feita, mais homem e mais vivido, ela iria ser minha".


(Alcina Moreira, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


quarta-feira, janeiro 07, 2009

 

Altas Palavras - 9


"Na minha Braga, a Sé tinha desaparecido há mais de cinquenta anos. Nesta Braga, a Sé erguia-se deslumbrante".


(João Rogaciano, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


terça-feira, janeiro 06, 2009

 

Altas Palavras - 8


"Um dia havia-lhe chegado aos ouvidos a fama de um ferrador da cidade de Braga, chamado Faustino, o qual acumulava a fama de veterinário..."


(Agostinho Leão Cepa, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


segunda-feira, janeiro 05, 2009

 

Altas Palavras - 7


"
Os sinos ouvem-se à hora certa. É tarde e a movida bracarense ficará para segundas núpcias ".

(Filipe Moreira, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


domingo, janeiro 04, 2009

 

Altas Palavras - 6


"
A chuva continuava a cair sobre as enormes árvores de braços abertos, e as ruas tornavam-se num longo vestido acastanhado, composto por folhas tecidas nas costuras dos passeios ".

(Luis Leite, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


sábado, janeiro 03, 2009

 

Altas Palavras -5


"
Orgulho-me das pedras da Sé, dos caminhos por onde andaram pés romanos, dos anéis da história que foram crescendo a partir do núcleo de Braga, como nas árvores ".

(Maria Sêco, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


sexta-feira, janeiro 02, 2009

 

Altas Palavras - 4


"Vejam lá que me alonguei nas palavras que me ia já esquecendo de um importante dizer, encravado na saliva".


(Bruno Amarante, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)


quinta-feira, janeiro 01, 2009

 

Com a Devida Vénia - 4


A Humanidade não vai longe se não perceber que a liberdade sem motivos nobres que a orientem não é necessariamente um caminho libertador”.


José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa.

 

Altas Palavras - 3


"Na Brasileira, estátuas de gravata e chapéus de feltro bebem café de cafeteira".

(Teresa Lima, in "Obrigados a Entrar em Braga Algo Desconfiados", AA.VV. Fundação Bracara Augusta, Dez. 2008)

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