terça-feira, dezembro 09, 2008

 

O Natal da Minha Biblioteca - 10


"Nas velhas cozinhas, em redor da mesa e ao fulgor da lareira, agrupa-se a família. Os velhos e as velhas, remotas esculturas enegrecidas e cariadas pelo tempo; os filhos que estavam ausentes e que puderam vir e os que ainda andam fraldiqueiros a crescer. O fiel amigo, as couves e batatas, é a tradição; quem tem mais posses, frita, também, a sua rabanada. O vinho corre, rosado, transparente, sobretudo à hora do magusto, quando as castanhas estalam no fogo.

Cada lar parece viver isolado, como se para lá das paredes negras de fuligem nada mais existisse.
(...) A garotada já largou da mesa e procura, irrequieta, tirar da fogueira as castanhas. O vento canta na chaminé e vem agitar, de leve, a crista do lume.
As figuras movem-se lentamente em direcção ao pedaço de laje onde há fogo e a candeia fica a alumiar, sobre a mesa, a travessa vazia com um fio de azeite no fundo e um farrapo de couve nos bordos.
(...) O povo deita-se, hoje, mais tarde. O Menino Jesus merece um quartilho de petróleo".

(De "O Natal em Ossela", de Ferreira de Castro, 1898 - 1974)

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