quarta-feira, dezembro 31, 2008

 

Temas de Braga - 20


A Agere, empresa das águas e das limpezas da urbe bracarense vai, segundo o seu administrador Nuno Ribeiro e a informação do Diário do Minho, instalar cinzeiros na cidade, para que os fumadores da rua não conspurquem o piso do centro histórico e não danifiquem a natureza com a nicotina, o arsénio, o cádmio, o chumbo, o alcatrão, etc.
Boa intenção, sim senhor, Senhor Nuno Ribeiro. É preciso civilizar a cidade, é preciso urbanizar os cidadãos. E o senhor tem a logística para executar o plano. E a determinação. E os meios financeiros. E a vontade politica. Parabéns, portanto, quatro vezes.
Todos verificamos que, hoje, quase todos os fumadores educados disparam as suas beatinhas para o chão, como ao chão ofereciam, antigamente, pessoas igualmente educadas para os padrões da época, todo o tipo de dejecções corporais, fossem elas sólidas, líquidas ou viscosas, provindas de todos e quaisquer dos seus orifícios, quando estes se encontravam sem meios para desobedecer às intransigentes ordens da natureza. E educadas eram estas pessoas quando executavam as suas excreções com alguma discrição, por exemplo não exibindo em demasia as partes corporais habitualmente cobertas, usando para isso os passivos serviços de paredes, árvores ou arbustos, ou quando, ao apertar as abas do nariz, evitavam disparar directamente sobre alheias indumentárias, o que não fora pedido nem era desejado.
Hoje os padrões e os paradigmas são diferentes, mas ninguém se lembrou, ainda, de passar a guardar no bolso as coriscas dos cigarros, tal como nos bolsos se passaram a guardar os moncos das ventas, a certo passo da caminhada da civilização, envoltos estes, agora, em esbeltos lenços de seda, de algodão ou de linho.
Pois ainda estou a falar consigo, Senhor Nuno Ribeiro: não seria o senhor capaz de inventar uns cinzeirinhos de bolso e propô-los à cidade, tal como acaba de inventar, e muito bem, os cinzeiros de rua? Olhe que tem Vª Ex.ª inteligência para isso. Peço-lhe só que os mande fazer com bom design e com uma tampinha hermética para que não venham a danificar fatos e vestidos e os ofereça, em cada dia de Ano-Novo, aos bracarenses fumadores, como outrora mandavam os seus serviços oferecer a todos agendas e calendários, estes sim, já dispensados pela civilização.
Um Bom Ano, Senhor Nuno Ribeiro, de felicidade no seu inestimável serviço de cidadania.

Comentários:
Ideia genial, essa dos cinzeiros de bolso. Já agora que esses cinzeiros venham também a ser utilizados para as pastilhas elásticas que horrobilizam os pavimentos.
 

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