domingo, fevereiro 22, 2009

 

Flache da Semana - 7


Mais de 54% dos padres da Polónia preferia estar casado e um terço confessa, em sondagem publicada esta semana no jornal daquele país, o Dziennik, que já traiu o voto do celibato, i.e., não resistiu, como qualquer mortal, aos instintos sexuais. A notícia chegou-me pelo insuspeito Diário do Minho, que reitera as conclusões do sociólogo polaco Josef Baniak, que afirma que "os resultados mostraram um problema sério para a Igreja Católica, já que muitos sacerdotes estariam dispostos a abandonar o seu magistério pelo amor e para formar uma família".
O sociólogo baseou o seu estudo em mais de 800 entrevistas para chegar a estas conclusões, e eu baseio-me apenas na minha reflexão para intuir que, também por aqui, a realidade não há-de ser muito diferente daquela. Por isso manifesto, deste modo, o meu escândalo, não tanto pela situação de hipocrisia e de mentira em que vivem aqueles clérigos, mas, sobretudo, pelo anacronismo sádico de a Hierarquia da Igreja manter o celibato obrigatório, quando nada há na teologia que a isso obrigue.
Ficava bem à minha Igreja olhar um bocadinho mais para dentro da instituição, num momento em que tão imperativamente exerce o seu direito de reprovar o casamento homossexual, cuja legalização está anunciada.

Comentários:
Este tema é muito marcante. Faz bem abordá-lo.A este propósito, apetece-me lembrar algumas palavras do teólogo alemão Hans Küng, no seu livro "Porquê Sermos Cristãos Ainda Hoje",em que diz:
"Com excepção de Paulo, todos os apóstolos eram e continuaram casados. E isso vigorou para todos os bispos e padres durante mais de mil anos. Só no século XI, sob Gregório VI e por meio de uma revolução de cima para baixo, foi imposta uma lei universal do celibato, desde então mantida com todos os recursos do autoritarismo clerical. Estou convencido de que, se continuar apegada à lei do celibato, também a Igreja da Alemanha vai ter o mesmo destino que a Igreja da Irlanda, que antes tinha padres em número maior do que as outras Igrejas. Em 1990 ainda houve 193 ordenações de padres, em 2000 somente oito. Também na Alemanha o clero celibatário está em extinção. Sobre os escândalos sexuais na Irlanda, e sobretudo nos EUA e na Áustria, provocados pelo celibato forçado, prefiro não falar".
 

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