terça-feira, agosto 24, 2010

 

In Memorian de Padre Alberto Azevedo


«Há duas atitudes que não me tolero: a de ser "cão mudo"; e a de viver como um aposentado».

Padre Alberto Azevedo, Ribeirão, 1927 - Braga, 18/8/2010.

(Aqui registo a minha sentida homenagem; e aquele seu lema de vida que guardarei como permanente desafio pessoal.
Com vénia, deixo ainda estas ligações de homenagens maiores: (1); (2); (3); ).



sábado, agosto 14, 2010

 

Casa da Amizade

(- Este o Artigo que publiquei no Jornal Voz do Trabalho JUL/AGO 2010)

"Naquele dia de chuva, uma pequena multidão reunira-se no centro da freguesia, com o firme propósito de fazer raiar o seu quinhão de sol.

Este sol era, nem mais, o sol da amizade, pois o evento consistiu na inauguração de uma casa que fora doada por uma família da terra a uma instituição de solidariedade social, com o fim de fazer dela uma habitação comunitária de jovens desprovidos da sua própria família.

Este facto marcante, que incluiu a cerimónia da entrega das chaves da casa, aconteceu na freguesia de Bairro, concelho de Vila Nova de Famalicão, em 20 de Março passado. Estavam presentes a família doadora; os dirigentes do Centro Social e Cultural de S. Pedro de Bairro, que ficou proprietário de prédio; o presidente da Junta de Freguesia; o pároco; o vice-presidente da Câmara Municipal; e muito povo.

Fernanda Dias, militante do Movimento de Trabalhadores Cristãos e sindicalista desde há décadas, representava ali a família de irmãos que herdara o património e se despedia dele de um modo incrivelmente festivo. Diz a Fernanda: “quando precisei de encontrar uma solução para as minhas irmãs solteiras, uma de oitenta e seis e outra de oitenta anos, fui falar com o responsável do Centro Social, Sr. Joaquim do Vale. Tivemos uma longa conversa, até porque somos filhos da mesma terra, e foi nessa altura que me foi colocado um grande objectivo do Centro, que era o de encontrar uma casa para acolher jovens com mais de 18 anos de idade, anteriormente enviados pelo tribunal ou segurança social, e que, ao completarem a maioridade teriam de deixar a instituição e ficarem entregues a si mesmos”.

Essa atitude que entendi muito digna, a de encontrar uma casa para estes jovens” – continua a dizer a Fernanda – “foi que nos fez surgir a ideia de doar a nossa casa de família à instituição. Casa pequena, é certo, mas que acolheu uma família de treze pessoas, pois éramos onze irmãos. Falámos em família e os meus irmãos, ainda que com alguma tristeza estampada no rosto, disseram-me: faz o que achares melhor! Então pensei, pensei, e decidi doar a nossa casa de família, uma casa embora pobre como a família operária que lá viveu”.

Custou-me muito tomar a decisão – completa a Fernanda Dias -, foi como arrancar um pouco de nós mesmos. Mas sei que partilhar é somente o que nos custa e não o que nos sobra, pois o contrário não é partilha

O “Voz do Trabalho” acrescenta que esta dinâmica freguesia de Bairro tem uma grande tradição associativa e de solidariedade, pois além do Cento Social e Cultural de que falamos, conta também com a Fundação Castro Alves, com as suas valências de escola de cerâmica e museu destes utensílios tradicionais, escola de música, entre outras; bem como uma forte tradição jocista, pois da JOC foi também Fernanda Dias e o próprio líder do Centro, durante os últimos vinte e cinco anos, o Sr. Joaquim do Vale.

E bem precisa tem sido esta atitude associativa e solidária, dado que esta freguesia do Vale do Ave tem sido, também ela, muito flagelada pelas falências da indústria têxtil, pela precariedade laboral, por salários baixos e muito desalento.

Mas devemos dizer que Bairro está de parabéns por esta iniciativa social e por contar, entre os seus conterrâneos, com esta família generosa.

Se fordes a Bairro, encontrareis facilmente esta moradia de jovens, já que ela tem afixada uma comovente e pura mensagem que diz: “Casa da Amizade”.

Fernando Castro Martins"



sexta-feira, julho 16, 2010

 

O Estado da Nação


Ontem, enquanto assistia, pela TV, ao debate do chamado Estado da Nação, na Assembleia da República, que estava a ser uma seca, apeteceu-me elaborar o que devia ser, e ainda não é, o abecedário da política.
Aqui está o resultado:

A
bnegação; Benevolência; Civismo; Desvelo; Ética; Fervor; Gentileza; Humanismo; Igualdade; Justiça; Liberdade; Missão; Observância; Participação; Responsabilidade; Serviço; Transparência; Utopia; Verticalidade; e Zelo.


quinta-feira, junho 24, 2010

 

Lendo Saramago


Recomecei a ler Saramago pelo princípio, ou seja, pelo livro A Terra do Pecado, obra que o autor compôs aos vinte e cinco anos.
Também pela primeira vez li um livro desta extensão pelo ecrã do computador. Acho que já aceito este método, embora não deseje despedir-me do folhear tradicional.
E o que devo dizer do texto? Que é uma obra que revela já o muito talento do jovem Saramago, sendo embora composta com uma trama muito simples, mas eficiente na colocação do leitor dentro de um ambiente bucólico e familiar de uma quinta ribatejana rica de meados do século XX, e onde não faltam também episódios de sensualidade. Tudo à moda da época.
Nesta altura não impera ainda no olhar de Saramago a militância social, ao estilo de Ferreira de Castro, de Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes - para citar nomes da área que veio a ser a de Saramago -, nem de textos emblemáticos daqueles escritores, ditos neo-realistas, como sejam: A Lã e a Neve, Gaibéus ou Esteiros, respectivamente.
Mas A Terra do Pecado é um livro já muito bem escrito, de resto ainda na gramática convencional; com interlocuções escorreitas; com um vocabulário rico e variado; com descrições ambientais e psicológicas bem conseguidas, a rasgar, aqui e ali, frases de génio.
Fará este livro muito bem aos jovens que hoje têm vinte e cinco anos, sendo um incentivo a não desprezar. De todo.


quinta-feira, junho 17, 2010

 

O Associativismo do Chupa-Chupa


A Deco Proteste escreveu-me, ontem, a anunciar que me oferecia uma "aparelhagem estéreo" se eu me tornasse sócio da instituição.
E eu confesso que fiquei todo comovido com esta infantil campanha de vendas da mais conhecida associação de defesa do consumidor. Eu próprio já fui membro deste grémio incrível "de mais de 400.000 sócios", e saí, em protesto contra este sistemático aliciamento com chupa-chupas.
Imaginem um sindicato da construção civil a angariar sócios com frigoríficos, ou uma associação de pais a estender a sua influência com a oferta de alcatifas...
Eu não desejo ser comprado por quem deseja defender-me de quem me vende.
Muito obrigado! Que a estereofonia fique connvosco! Ámen!


sexta-feira, junho 04, 2010

 

Caminhos Partilhados


Nasceu ontem, em Braga, no
aldeamento Bracara Augusta, e chama-se "Caminhos Partilhados".
É uma casa comunitária, centro de cultura e de encontro, fundada por seis mulheres de coragem e de sonho, a saber: Fernanda Dias, sindicalista; Helena Policarpo, jornalista, Isabel Pereira, líder associativa; Lurdes Silva, técnica de serviço público, Amélia Campos, analista clínica; e Camila Pereira, associativista.
Estas mulheres empreendedoras conheceram-se na década de 70, enquanto jovens, na JOC - Juventude Operária Católica e continuam, hoje e aqui, deste modo, a perseguir o seu colectivo ideal de um mundo melhor, mais solidário, mais partilhado, mais justo e mais fraterno.
A casa "Caminhos Partilhados" será, em simultâneo, lar comunitário e espaço aberto a eventos que visem objectivos de bem comum, promovam os valores humanistas e a cultura que marcaram as fundadoras desde a JOC, e, finalmente, seja um bom exemplo a seguir e a reinventar por outros em novas experiências.
O projecto é exclusivo de seis grandes mulheres, mas não está fechado à condição masculina.
Por isso estive ontem na inauguração. E fiz-me sócio. E aprovo. E apoio.


sábado, maio 29, 2010

 

As Bocas da Fome e do Protesto


Hoje, o Banco Alimentar Contra a Fome está na sua habitual acção de caridade, junto dos supermercados de todo o país; e a CGTP, em manifestação de luta, em Lisboa, pela justiça social.
O Banco alimenta diariamente 175.000 pessoas esfomeadas, e até alimenta, involuntariamente, a própria situação de fome. A Central Sindical põe as bocas da fome de dignidade humana, de salário, de equidade, a gritar, muito justamente, contra o estúpido modelo de desenvolvimento onde estamos metidos
A boa notícia de hoje é que um português vai treinar o Real Madrid por um vencimento diário de 28000 euros. Nem tudo é mau...

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